terça-feira, 16 de março de 2010

Temendo enlouquecer (ou me curar)

Meu curso é maravilhoso. Indiscutivelmente incrível e encantador. Mas não é exato;
Não no sentido de exatas, humanas ou biológicas. Ele é insólido, incerto. Principalmente sociologia, que ironicamente (ou super lógico) é a mátéria que mais tem me agradado.
São tantas teorias para tentar entender e justificar o comportamento humano, sua consequência mais visível, a sociedade, e cada uma parece estar mais certa do que a outra. Mediante tal fato, nada me parece mais lógico acreditar que todas as teorias fazem sentido é por que, na verdade, o homem, ou a sociedade por ele construida não faz sentido algum.
Dentro da sala de aula, completamente absorvida com as informações que me chegam, viajo a um mundo paralelo para melhor compreensão daquilo tudo. E quando, por fim, a aula termina e sou obrigada a retornar a essa realidade, completamente insana que construimos, nada mais parece ter sentido.
Como conseguir compreender o mundo atual, a cultura ocidental estabelecida, depois de passar 4 horas ouvindo sobre como os índios caçam, plantam e coletam para sua subsitência? A sociedade tribal faz o maior e mais completo sentido e o caminho percorrido daí para chegar aonde estamos, por mais que seja para nós passado como algo plausível, simplesmente não é.
O caminho da casa pro trabalho é repleto de elementos discutíveis que escapam da nossa plena compreensão - isso sem discutir o mérito do trabalho em si - e ficamos, como loucos tentando justificar esses elementos, ou ignorá-los, afim de garantir a manutenção do sistema em que nos encontramos.
Nós nascemos em um sistema pronto e mesmo que por um milagre de Cristo - sem render aqui a longa e louca discussão teológica - consigamos transformar esse sistema, ele não será por nós usufruido.
A maioria das pessoas não tem nem a menor consciência desse sistema em que estão incluídas e como ele influencia na vida delas - muito mais do que elas assumem ou gostariam.
E isso tudo é muito elástico, é muito amplo e foge da nossa mão. Sinto que cada vez mais ampliamos o mercado de coisas que criamos que foge da nossa capacidade de compreensão e pior (ou melhor, já não sei) da nossa capacidade administrativa.
Por que lutar por um grupo de pessoas que não querem ser ajudadas? Por que se desgastar até morrer em uma causa que não tem mais salvação (ou se quer sentido)?
Preciso me manter firme nas minha concepções utópicas adolescentes, para não esquecer o motivo real de ter escolhido ciências sociais e não ir para o caminho contrário que sinto estar sendo levada: um caminho egoísta em que meu maior desejo é largar tudo e viver numa sociedade alternativa.
Eu sei que quanto mais eu escrevo aqui, mais meu texto fica sem sentido, mas quanto mais eu estudo mais vejo o quanto a sociedade é louca e o quanto somos loucos de permanecermos nesse manicômio da vida real.
Já não sei se estou ficando incuravelmente insana, ou se estou enfim me curando ao analisar essa vida (de trabalhos árduos em troca e papeisinhos coloridos) e perceber que nada disso tem a menor lógica.
Só sei que apesar de todo esse Brain Storm, e que apesar de todas as indicações de que vou enlouquecer (ou me curar) até tudo terminar, eu estou amando meu curso.