segunda-feira, 21 de maio de 2012

Existindo em excesso

Não devia ser assim.
Era pra ser fácil, natural,
Essencial.

Mas é tudo demais. É pensar demais, planejar demais, estratégias que eu não consigo mais comprar.
É gente demais na minha cabeça, sobra pouco espaço para o Sol, enquanto eu pego o ônibus azul.

É uma necessidade constante e cruel de saber as delimitações do meu corpo, dos meus gestos, das argumentações. De se saber onde se está e porque se está. De alguma maneira estar mesmo quando já se foi embora.

Cansa a mente. Cansa a alma.

Meus olhos estão pesados, meus ombros sobrecarregados. Meu coração pulsa com a preguiça de quem chegou em casa depois de uma maratona, ele anda batendo rápido demais por motivos tão lentos...

Não era pra tirar o fôlego, não era pra sobrecarregar o meu bulbo com a obrigação de respirar sozinho. São tantos porquês, e porquês não, e eu não entendo porque.

Eu exagero. Eu exijo da minha própria existência limites que não sei se seria capaz de suportar

É só existir. Era pra ser simples. Assim, entre uma respiração e outra.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Fui ali


Quer saber de uma coisa? Cansei!
Cansei de assumir o tamanho que as pessoas insistem em me dar.
Me recuso a ficar no seu campo de visão porque sua vista é limitada.

Meu mundo é colorido demais pra você que faz questão de manter as coisas preto-e-branco?
Então me faz um favor? Vamos manter nossa interação monocromática. Porque meu mundo eu não descoloro mais, a não ser por decisão própria.


Quer saber mais? Passarinho com penagem bonita também canta.
E eu não vou ficar de bico fechado quando o que eu mais gosto de fazer na vida é cantar.

Passarinho que bate asa não fica parado em gaiola que não tá trancada.
Demorou, mas finalmente eu percebi isso.
E ninguém me tranca mais, amigo.
Então, me dá licença? Fui ali voar, e não volto.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Casa de vó.

E estou crescendo.
É, eu cresci.

Aquele caminho, que ainda me parece distante, não chega nem perto da impressão de distância que antes tinha.
Vai ver minha ansiedade de chegar é menor.

E chegar é sinônimo de relembrar e me confrontar com o passado, com as melhores lembranças.
Apesar de estar satisfeita com o que me tornei, a dor da nostalgia vem, com a realidade daquilo que perdi e daquilo que deixei de ganhar.

Mas gosto de pensar que ainda há em mim, partes de essência pura de criança que ainda não se foram.
Uma delas é pensar que sempre vou ter o gostinho da água, do melhor que é, daquele velho filtro de barro.

Sobre Filtro de Barro, com o Hélio.