terça-feira, 27 de abril de 2010

Poeira estrelar

às vezes me sinto nada.
ou me considero pó.
ás vezes não suporto ou outros. Por muitas me sinto só.

sou nada, empoeirada.
Preciso perder tudo para ser pó.

Poeira estrelar

para saber voar, me esvair
para fazer cabeça
Fazer com que aconteça,
saber sumir

Eu quero ser tanto,
mas gosto de ser tão pouco.
Aquilo que incomoda dentro de um grito rouco.
- que exige explicação
(ou roga de volta um coração)

Não quero ser isso, aquilo.
nem ser a mesma
Não posso ser medida em quilo, ou em capital.

Não sei ser nem planta medicinal.
Não sou Chico,
nem quero tentar.
Se já sei que não vou conseguir.
Só queria não ser presa a tanto, a tudo.
Ter meu mundo,
pra dele me extinguir
Assim que me cansar. Virar

Poeira estrelar

e
SumirSumirSumirSumirSumirSumir

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Prostitutas de olhos arregalados

Chegou, com todos seus brilhos e pinduricalhos, fez bastante barulho para mostrar as pulseiras, parou em lugar em que a roupa verde limão pudesse cintilar e disse:

- Sou Dona Matilda, a nova dona dessa pocilga e tenho alguns cortes a fazer!

domingo, 25 de abril de 2010

Microconto fail

Mesmo sabendo que ela, amordaçada, não poderia responder, perguntou:
-Foi bom pra você?

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Até porque nem sempre

Já diria Marx: nada, absolutamente nada, é natural.

Conto de uma natureza confusa.

Acordei diferente hoje. Ou ontem, ou semana passada. Talvez eu acorde diferente todos os dias.
Ou não.
Talvez esteja muito cansada de acordar sempre igual.
E acordar diferente podia ter sido radiante, mas foi aterrorizante.
Eu olhei para o céu e esperei que ele me julgasse. Esperei que ele adorasse a idéia e me quisesse antes da minha hora.
Mas o céu é puro. Em toda sua imensidão, em suas pálidas nuvens, quis dizer que me compreendeu.
Então eu observei outras naturezas. Olhei a árvore, cherei as flores, toquei a terra.
Me aproximei dos insetos e tive medo de novo. Mas conversei com uma pedra e ela me disse que estava tudo bem. Me ensinou ainda a olhar de uma nova maneira.
Olhei para cima de novo. E vi uma estrela.
Tão linda, tão reluzente! e ao mesmo tempo tão distante.
Um certo dia suspirei.
E meu próprio sussurro me acordou, pisquei assustada.
Estivera me iludindo com tal beleza.
Meu céu ficou ali, esperando que eu abrisse os olhos, triste com minha busca pela estrela imaginária.
A noite, ele me mostrou que não preciso ficar buscando loucamente fugas para a realidade.
Oh, aquela estrela era realmente bela e eu ainda a vejo, às vezes, ao piscar os olhos.

Mas, sob qualquer dúvida é só olhar de volta para o meu céu durante a noite.

Ele me deu (e ainda dá) constelações!