quarta-feira, 27 de julho de 2011

Fim do pote de ouro


Por que alguém gostaria de chegar ao fim do arco-íris?


Prefiro permanecer assim: eu ali pra ele, ele ali pra mim.

Porque ele sabe mais de mim do que eu jamais saberia.

Porque mesmo tão diferente de mim me dá conselhos melhores do que eu jamais daria.

Que em tantas divisões consegue ser um só na mais rara representação da beleza divina mais pura.

Me diz agora alguém que se diz sábio:

Pra quê querer o pote de ouro...

Se no fim do pote de ouro não tem um arco-íris?

terça-feira, 5 de julho de 2011

Eu sou coelho


É, todo mundo me aponta e vê em mim orelhas grandes, olhos vermelhos e pêlo branquinho.
Tá bom, se vocês insistem, eu sou um coelho.
Não vou brigar por causa disso. Não mais.

É porque eu tenho uma coisa de peixe em mim.
Quase ninguém sabe, mas se eu não tivesse tão benfeitamente sido feita coelho, eu seria peixe.

Eu sempre tive que conviver com essa crise de personalidade.
Já briguei muito com as pessoas tentando provar pra elas que sou peixe e não coelho.

Em vão.

Até o dia em que eu percebi que o que me incomoda não é ser coelho.
É ter que agir como um coelho.
Não me importo de ter orelhas grandes, olhos vermelhos e etc.
Desde que não me coloquem pra entregar ovos de páscoa.
Ou sair de cartolas.
Deus, eu odeio cartolas!

No fim das contas eu acho ótimo ter nascido coelho.
Porque eu vou fazer o que eu quero e nadar como um peixe!

E provar pra todo mundo que nem todos os coelhos são iguais, nem todos os coelhos tem que ser iguais.

Assim, como nem todos os peixes, nem todos os leões, nem todos morcegos tem que ser iguais.
O que te parece natural só o é até onde você deixar que seja!



domingo, 3 de julho de 2011

Personalidade múltiplas

Já faz um tempo que descobri que sou muitas.
Uma pra cada pessoa do meu caminho.
E são muitas pessoas no meu caminho.

Seria isso ruim?
Essa fluidez de personalidade é sinônimo de ausência de opinião própria?

Em um tempo da minha vida descobri que não.
Sou como várias imanências com uma essência em comum.

O problema é quando as imanências se conflituam com a minha essência.
E aí eu já não sei mais o que é essência, o que passageiro e o que é necessidade de aceitação.

Já não sei mais quem ou o que sou eu.

Se eu percebo que até minha essência é mutável, ainda conta eu me sentir segura só por ela não ser tão mutável quanto as minhas outras características?

Tá, tudo tem um limite e isso me tranquiliza, mas às vezes eu perco o ponto onde o limite está.

O que eu tenho a fazer é respirar fundo e resolidificar minha essência em trânsito.
No fim das contas é mais fácil quando se aceita que viver é sinônimo de reconstruir.