quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Benjamim Button

Acordou com a sensação de que tinha descobrido o que havia de errado.
Descobriu que tinha em si um pouco de Benjamim Button.
Com o corpo, tudo certo, mas com a alma, algo andava meio decrescente.
Nasceu velho, chato, preguiçoso e cheio de razões que achava ter e não tinha.
Com o passar dos anos, ficava mais animado, mais disposto, com mais vontade de conhecer o mundo.
O problema é que as pessoas ao redor não eram assim.
As pessoas se desenvolviam conforme se tem que ser, ficando cada vez com mais responsabilidades, mais stress, com mais preguiça.
E ainda que achasse uma delícia estar rejuvenescendo, ia ficando cada vez mais sozinho num mar de pessoas.
Que sempre esperavam o dia que fosse crescer.

sábado, 24 de setembro de 2011

Carta de apoio aos professores da rede estadual de Minas Gerais

Queridos guerreiros,

Eu não sei se essas palavras ajudarão vocês em alguma coisa. Já é tanta mentira, tanta injustiça, enfim, tanto mal que eu já desconheço a quantidade de bem necessário para neutralizar um pouco essa história. Mas, me desculpem o egoísmo, preciso me ajudar. Eu preciso, eu necessito falar, escrever e gritar contra tudo o que tem acontecido. Eu necessito tirar de mim toda a força que possuo e entregar para vocês (não que vocês pareçam precisar) para que vocês continuem administrando essa nossa chance de nos levantarmos contra os gigantes e mostrar que independentemente do tamanho da repressão imposta, sempre haverá espaço para a luta pela verdade e o bem.

Preciso agradecer, imensamente, por tudo o que fizeram e fazem por mim. Obrigada por me ensinarem a ler, a escrever e por me ensinarem a importância que isso deveria ter em minha vida. Obrigada por me colocarem na universidade que hoje estudo. Obrigada por perguntar o que havia de errado comigo quando eu não estava bem e por me ensinarem, assim a importância de se preocupar com o outro. Obrigada pela lição de cidadania e por defender com tanta garra a melhoria do meu país em sua maior capacidade de mudança: a educação. Mas, mais que tudo isso, muitíssimo obrigada pela lição de vida. Por me mostrarem o que é a verdadeira fé, a força, a alegria e o otimismo diante das dificuldades.

Quando o governo desvalorizou tanto a educação, acabou criando aquilo que ele chamaria de “monstros”: profissionais que não consegue mais controlar, nem entender a incapacidade de desistir diante de tantas retaliações e ameaças. O governo não entende porque nunca teve que enfrentar a precariedade da infraestrutura das salas de aulas, a ingratidão de alguns pais e o desinteresse de alguns alunos, nem a falta de dignidade retratada no contra-cheque. O governo nunca teve que fazer das adversidades o seu trabalho e nunca teve que extrair dessas cada vitória e motivação para seguir em frente. Isso o governo – e que perda para ele por isso – não entende e, logo, não entende que não iremos desistir!

Finalizo, enfim, me emocionando e agradecendo mais uma vez por não pararem de me ensinar nunca. Até aproximadamente 100 dias atrás, nem me passava pela cabeça dar aulas. Hoje já me vinculei à licenciatura e aguardo ansiosamente o dia em que terei a honra de dizer que sou uma de vocês!

Muita força companheiros,

O grito de força de vocês é o meu grito e o grito de todo cidadão brasileiro!

Um forte abraço e até a vitória!

Fernanda Rodrigues – Estudante de ciências sociais UFMG

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Faz de conta

Uma hora eu vou ter que fazer ciência.
Mas eu queria mesmo era fazer de conta.


Houve uma época que invenção era legal.
Ser inventor tinha lá seu charme.
Hoje, se sonhamos com um mundo melhor estamos "inventando demais".


Eu quero a mudança do mundo.
E quero que venha de dentro pra fora.
E não quero brigar pro mundo mudar.
Eu quero amar, amar e amar mais um pouco.
E minha revolução viria daí: do ato difícil de continuar amando, mesmo quando não der mais.

Não importa qual o sistema de produção, não importa qual a forma de governo.

Importaria educação, gentileza, bom-senso e mais um pouquinho de amor.

Mas isso não é ciência. E que besteira eu ficar aqui pensando essas coisas, quando tenho um monte de metodologia pra estudar.

Não dá pra ficar pensando em besteiras, porque eu tenho um monte de ciência pra fazer.

E eu vou lá, fazer trabalho.
Fazer artigo,
Fazer resumo,
Fazer o bem...

Ih, olha eu fazendo de conta de novo.