terça-feira, 29 de junho de 2010

Quero ser um livro aberto atemporal (Para mim não basta ser um bom ouvinte)

(por FiL Pedroso)

Me sinto hoje com muita dificuldade em me comunicar. Não essa comunicação básica que temos no dia-a-dia, mas uma comunicação muito maior, onde todos os sentimentos, sensações e impressões pudessem ser sentidos pelos comunicadores. Sinto que é extremamente superficial a mais longa e acalorada palestra entre duas consciências. Os exemplos são fracos e não mostram exatamente o que o outro pensa. E nunca vão mostrar. Pelo menos não nesse plano. Assim como todos que lerem esse texto, não saberão exatamente o que eu estou sentindo ao escrevê-lo.


Queria que nossas energias fossem mais facilmente transmitidas. Que fosse mais fácil que o pensamento, completo, fluísse de uma mente para outra. Nós temos nossa vida e nossas experiências e damos muita importância a elas, mas esquecemos que todos os outros também têm experiências com semelhante nível de importância. Se pudéssemos somar essas experiências às nossas, a cada soma teríamos quase o dobro do que temos hoje!


Por isso digo que já não quero mais só ser um bom ouvinte. Minha vontade então, é que pudéssemos nos comunicar com tal nível de profundidade de que já falei. Como se fossemos livros abertos, que não dependem do tempo para serem lidos.


Fui claro? Claro que não!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

No way

Sai hoje pra andar sem destino. De novo, mas não o suficiente. Nunca.
Observei o caminho que faço todos os dias sem observar. Vi uma árvore linda e escrevi 'Let it be' num cimento fresco. Sentei num lugar que costumava passar várias horas da minha vida e que há muito nem passo por lá. Desci correndo um ribanceirinha que sempre descia brincando de polícia e ladrão. Chorei.
Eu deveria ter pensado em todas as coisas, mas fiquei pensando em nada.
Aquele nada que no momento da sua vida em que quanto mais tudo está em cima de você, mais faz sentido.
Lembrei de quando eu mudei de casa, de escola. Lembrei o quanto que eu mudei, e tentei descobrir o porquê. Não consegui descobrir nem isso, nem se gosto mais do velho ou do novo eu.
Me senti nostálgica. Aquela versão ruim e triste.
Me lembrei de tudo que já me fez feliz e das coisas que me faziam tristes. Não vou me dar ao luxo de dizer que eram coisas bobas, fáceis de se lidar. Na época era tudo tão real... Mas eu posso dizer que meus problemas eram quase que gostosos de viver, eram intensos por que eu gostava que fosse assim.
Pensei em tudo que eu vivo, e no tanto que eu queria menos.
Queria me preocupar menos com tudo e todos no mundo. Me preocupar menos com que os outros pensam de mim. Queria menos verdades, sofrer menos com a incerteza monetária do fim do mês. Queria menos fim de semestre!
Queria ter que provar menos. Não queria ser egoísta, queria uma felicidade assim. Queria depender mais só de mim pra ser feliz...
Gargalhar até a barriga doer, já não lembro mais quando foi a última vez que fiz. Sem envolver alcool então...
Queria menos medo. Muito menos.
Queria menos cimento, menos cinza.
Queria mais cores, mais flores, mais luzes. Queria matos que não pinicassem.
Quero mais natureza, queria meu refúgio.
Queria não ter que escolher entre um sonho e outro. Queria que o ensino fosse só pelo prazer de se aprender/ensinar. Que ele não valesse nem dinheiros nem pontos.
Queria mais livros, que eu pudesse escolher o que ler e quando ler.
Queria mais fogão a lenha.
Queria mais música e cinema. E que eu não tivesse que sustentar argumentos para aquilo que eu gosto ou deixo de gostar.
Queria que as pessoas se amassem mais e escolhessem menos.
Queria não ter que escolher... Queria não me enganar com fantasias irreais.
Queria ter realizado todos os meus sonhos bestas já sonhados.
Queria meus velhos diários de volta, quero meus velhos amigos de volta.
Quero novos amigos, o que aconteceu com minha capacidade de fazer amigos?
Quero mais Brasil, quero mais Paris.
Nem que sejam dentro de mim.
Quero novas pessoas, novos problemas, novas probabilidades incertas.
Quero férias.
De mim mesma.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Uva

- Há males que vem para o bem.
- Como assim?
- Meu último problema, passou.
- Que bom.
- É, passou porque o mais novo o fez parecer ridículo.
- Eu tenho certeza que esse vai passar também.
- Tomara, obrigada.
- E o outro também.
- Que outro?
- O que vai vir depois desse.

Tudo passa.
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CONFIE SEMPRE
"Não percas a tua fé entre as sombras do mundo. Ainda Que Os Teus pés estejam sangrando, segue para a frente, erguendo-a por luz celeste, acima De ti mesmo. Crê e trabalha. Esforça-te no bem e espera Com paciência. Tudo passa e tudo se renova na terra, mas o que vem do céu permanecerá. De todos os infelizes os mais desditosos são os que perderam a confiança Em Deus e em si mesmo, porque o maior infortúnio é sofrer a privação Da fé e prosseguir vivendo. Eleva, pois, o teu olhar e caminha. Luta e serve. Aprende e adianta-te. Brilha a alvorada além da noite. Hoje, é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e te atormente o ideal, aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a morte. Não te esqueças, porém, de que amanhã será outro dia."
(Chico Xavier)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Tic-Tac segundo(s)

O tempo é pouco, o tempo é louco
O tempo é único
O um que não é nenhum, que
não é ninguém.

O tempo queria tanto ser alguém
Por isso que ele nos castiga:
Porque nós somos.
Ou fomos, ou seremos.

O tempo nos ilude, nos engana;
Nos mata na cama
Enquanto o matamos
Nesse velho ato de sonhar

Ele nos contradiz, não pode nos ver feliz
que se embala no seu passe
e até repasse
Se o ser for aprendiz.

Mas se a situação não é igual
e eu nem quero contar;
Se a gente tá mal,
Ele fica fingindo que esqueceu de passar.

O tempo não é relativo
É imperativo, impetuoso.
O tempo é nervoso.
É imedível e imprevisível
é a priori.

O tempo até parece um cara que sabe o que quer
Mas que esqueceu de cntar até para si
o que é que é.

O tempo é maluco,
o tempo é insano.
Insiste em contar em segundos
Aquilo que vivemos em anos.

Quando criança eu queria brincar com o tempo,
e ele até que brincava comigo.
Mas hoje eu vejo que até nessa época ele era meu inimigo;

Se não o fosse, porque passaria
assim, rápido demais?
Mas calma tempo, vamos ficar em paz.
Eu sei que você é especial.
Apesar de me fazer viver essa loucura temporal...

Aprendi, tempo, que você tem seu próprio tempo;
e se insistir não adianta;
o melhor é esperar.
Pra conseguir sobreviver nessa luta
E nesse
eterno
perene
finito
E insondável
Não-estar
Bem-estar
Mal-estar
Bem-ficar.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Arco-iris em frangalhos

- Ei, Stuart!
- Ei, Paul. É Paul mesmo não é?
- Sim. Qual é o nome do livro que você citou na aula esses dias mesmo?
- A Ira dos Anjos. É realmente bom.
- Ok, obrigado.
- Achei que ninguém tinha prestado atenção no que eu disse...
- Eu sempre presto atenção no que você diz. Até demais! Mas agora isso vai mudar, isso tem que mudar. Tchau.
- Ei, espera. Do que você está falando?
- Estou falando que te amo. E que cansei de viver essa mentira. Cansei de escolher as melhores roupas pra vir nas aulas em que você está e você nem saber meu nome direito. Peço desculpas por chegar assim e te falar essas coisas do nada, mas já tentei te esquecer antes e assim, como simples decisão já vi que não dá. Eu tinha que te falar isso ou ia pirar nessa história de te querer calado.
- Mas como assim?! Eu nem sabia da sua opção sexual.
- Pois agora sabe, e não faz a menor diferença. Eu também não sabia até te ver, ouvir você falando e te imaginar a cada segundo proibido. Vou atrás de quem me queira. E vou aprender a querer essa pessoa também, pra conseguir assassinar cada suspiro doloroso que você me causa.
- Caramba, mas isso nunca aconteceu comigo, nem sei o que dizer. Porque você não se declarou antes de simplesmente desisitir?
- Eu teria alguma chance?
Ele simplesmente abaixou a cabeça envergonhado. Não era preciso dizer mais nada.
- Pois então. Não se preocupe em dizer nada, não te culpo nem um pouco. Eu sei o quanto você é lindo e interessante e parece saber de tudo, enquanto eu sou só mais um. E não vou ficar aqui me lamentando com essa historinha de que você é o máximo e eu não. A gente nunca daria certo. E é melhor que não precisemos nem tentar pra ter certeza, pra podermos conviver com a ilusão do 'quem sabe'. Vou me virar agora, pronto pra te esquecer. Vou achar alguém, vou parar de olhar seu orkut e obrigar meus lábios a não sorrirem quando imaginar você. Anda vou olhar pra você durante a aula inteira, mas como você agora sabe, quando você retornar o olhar eu desviarei. E assim será mais fácil. O amor eu acho que nunca terá fim. Mas essa fissura tem que passar. Adeus!
Respirou fundo. Mais fundo que seu pulmão aguentava, o que o fez tossir e aumentou a quantidade de lágrimas nos seus olhos. Virou-se e quis correr, mas se arrastou até a escada.
O outro permaneceu ali abobalhado. O que acontecera seria ridículo se não fosse tão sério. Nunca tivera uma experiência tão intensa e verdadeira na vida. E isso mudava tudo.
Mesmo que não mudasse nada.