sábado, 24 de setembro de 2011

Carta de apoio aos professores da rede estadual de Minas Gerais

Queridos guerreiros,

Eu não sei se essas palavras ajudarão vocês em alguma coisa. Já é tanta mentira, tanta injustiça, enfim, tanto mal que eu já desconheço a quantidade de bem necessário para neutralizar um pouco essa história. Mas, me desculpem o egoísmo, preciso me ajudar. Eu preciso, eu necessito falar, escrever e gritar contra tudo o que tem acontecido. Eu necessito tirar de mim toda a força que possuo e entregar para vocês (não que vocês pareçam precisar) para que vocês continuem administrando essa nossa chance de nos levantarmos contra os gigantes e mostrar que independentemente do tamanho da repressão imposta, sempre haverá espaço para a luta pela verdade e o bem.

Preciso agradecer, imensamente, por tudo o que fizeram e fazem por mim. Obrigada por me ensinarem a ler, a escrever e por me ensinarem a importância que isso deveria ter em minha vida. Obrigada por me colocarem na universidade que hoje estudo. Obrigada por perguntar o que havia de errado comigo quando eu não estava bem e por me ensinarem, assim a importância de se preocupar com o outro. Obrigada pela lição de cidadania e por defender com tanta garra a melhoria do meu país em sua maior capacidade de mudança: a educação. Mas, mais que tudo isso, muitíssimo obrigada pela lição de vida. Por me mostrarem o que é a verdadeira fé, a força, a alegria e o otimismo diante das dificuldades.

Quando o governo desvalorizou tanto a educação, acabou criando aquilo que ele chamaria de “monstros”: profissionais que não consegue mais controlar, nem entender a incapacidade de desistir diante de tantas retaliações e ameaças. O governo não entende porque nunca teve que enfrentar a precariedade da infraestrutura das salas de aulas, a ingratidão de alguns pais e o desinteresse de alguns alunos, nem a falta de dignidade retratada no contra-cheque. O governo nunca teve que fazer das adversidades o seu trabalho e nunca teve que extrair dessas cada vitória e motivação para seguir em frente. Isso o governo – e que perda para ele por isso – não entende e, logo, não entende que não iremos desistir!

Finalizo, enfim, me emocionando e agradecendo mais uma vez por não pararem de me ensinar nunca. Até aproximadamente 100 dias atrás, nem me passava pela cabeça dar aulas. Hoje já me vinculei à licenciatura e aguardo ansiosamente o dia em que terei a honra de dizer que sou uma de vocês!

Muita força companheiros,

O grito de força de vocês é o meu grito e o grito de todo cidadão brasileiro!

Um forte abraço e até a vitória!

Fernanda Rodrigues – Estudante de ciências sociais UFMG

Nenhum comentário:

Postar um comentário