segunda-feira, 25 de junho de 2012

Chocolate.

Mariana nunca gostou de chocolate. Páscoa? Era só mais um dia pra ela.
Até que virou diabética.
Não poder mais comer chocolate não deveria ser problema. Mas, por algum motivo, não poder é bem mais dolorido que não querer.

Filmes sobre chocolate, músicas recheadas do bendito! Todo mundo tão apaixonado pelo doce que o assunto parece ter que girar em torno dele. Às vezes parece até que quem não come chocolate não vive.
Chegava-lhe os mais diferentes cheiros, as mais diversas imagens e opções.

Mariana queria, sofria, desejava. Ressaltava em tom de praguejo a sorte das pessoas que podiam se deliciar com aquela maravilha, provocante e saborosa. Quanta vontade! Quanto desejo não realizado.

Até que um dia resolveu chutar o balde. Aos ares a glicose, a insulina, a dieta. Esse dia em especial sua relação com o chocolate não se pautava mais nos verbos querer/poder. O verbo desse dia era precisar. Um bombonzinho de nada não ia lhe matar, afinal de contas.

Comprou, se escondeu e (finalmente!) devorou com uma mordida só. Que M-A-R-A-V... Não, não, pera aí. Cadê aquele êxtase? Cadê aquela sensação inacreditável que todo mundo afirmava, reafirmava e prometia?

Finalmente Mariana se lembrou que tinha se esquecido que não gosta de chocolate! Que coisa não? Ela até acredita que as pessoas realmente amam chocolate como dizem que. Mas, pra daí acreditar que ela também ama, mesmo sem amar é meio demais.

E ela sabe que pode até ser que em algum dia distante ela ameace achar que quer chocolate, por querer aquelas sensações prometidas de prazer. e pode até ser que algum dia passe a gostar de fato. Mas hoje ela tá tranquila. Hoje não há chocolate, mas também não resta nem um pedacinho de angústia, nem um tablete de vontade.

2 comentários:

  1. "Às vezes parece até que quem não come chocolate não vive."
    "Não, não, pera aí. Cadê aquele êxtase? Cadê aquela sensação inacreditável que todo mundo afirmava, reafirmava e prometia?"
    Esse texto é maravilhoso *-*
    Não é porque todo mundo gosta de chocolate que eu tenho que gostar.
    O "x" da questão é oq eu gosto, oq me faz bem e não oq os outros gostam.

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