quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Desculpem o desabafo, mas meu gato morreu.

E, eis me aqui diante de um espaço branco, cheio de potencial, me desafiando cruelmente, porque eu sei que não vou conseguir preenche-lo.
Eu não digito tão rápido, eu nem tenho tantas palavras pra expressar o que eu tô sentindo.
Pra ser mais do que sincera, eu nem sei bem o que eu tô sentindo.
Mas eu sei que eu tô sentindo.
E tô sentindo muito.
Doendo, martelando.
Meu coração, tá levando a sério demais a história de bater, ele tá me espancando. De dentro pra fora.
E eu não sei porquê.
aaah, mas que mentira. Eu sei exatamente o porque. Eu sempre soube.
mas as pessoas não sabem. E se eu contar, ninguém acredita.
Eu tô indignada. Eu tô revoltada. Eu tô presa na situação de não poder fazer nada.
Por tudo, por tanta coisa.
Machismo, violência, racismo.
Nossos jovens, o 'futuro do Brasil', tá sendo morto, de várias maneiras porque tem gente que prefere que eles fiquem no passado.
A não ser que sejam nossos meninos brancos, cheios de potencial pra comprar um carro de luxo pra ficar preso no trânsito antes de chegar na empresa em que é bem sucedido. O ar condicionado, condiciona. E aí, tudo fica melhor.
Mas às vezes acho que ninguém pararia a rotina louca do dia-a-dia pra me dar  um colo preu chorar por todas essas coisas que são tão erradas.
Isso é o que parece o mais errado de tudo.
E, como as lágrimas não param de brotar, eu fico tentando rondar todos os meus motivos, pra ver se eu encontro algum justo o suficiente, pra fazer valer a minha depressão. A relação com meus pais não anda tão mal assim, pra justificar um ponto que eu chamaria pré-desespero.
Eu não tenho coragem de inventar um amor mal correspondido.
E não posso por a culpa em nenhum amigo, falando que a gente brigou.
Meus avós morreram há tempo demais preu estar chorando de saudades.
E eu aqui, querendo só uma legitimidade pra chorar.
Chorar de soluçar.
então, que me desculpem os amantes de animais, mais eu decidi matar o meu gato.
E toda vez que vocês me virem chorando eu vou falar que foi isso, que meu gato morreu. Eu sei que, me conhecendo bem como vocês me conhecem, vão dizer:
"Mas Fernanda, você não tem gato."
E eu só vou conseguir responder...
"Nem nunca vou ter. Dói demais quando eles morrem."

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