quinta-feira, 17 de junho de 2010

No way

Sai hoje pra andar sem destino. De novo, mas não o suficiente. Nunca.
Observei o caminho que faço todos os dias sem observar. Vi uma árvore linda e escrevi 'Let it be' num cimento fresco. Sentei num lugar que costumava passar várias horas da minha vida e que há muito nem passo por lá. Desci correndo um ribanceirinha que sempre descia brincando de polícia e ladrão. Chorei.
Eu deveria ter pensado em todas as coisas, mas fiquei pensando em nada.
Aquele nada que no momento da sua vida em que quanto mais tudo está em cima de você, mais faz sentido.
Lembrei de quando eu mudei de casa, de escola. Lembrei o quanto que eu mudei, e tentei descobrir o porquê. Não consegui descobrir nem isso, nem se gosto mais do velho ou do novo eu.
Me senti nostálgica. Aquela versão ruim e triste.
Me lembrei de tudo que já me fez feliz e das coisas que me faziam tristes. Não vou me dar ao luxo de dizer que eram coisas bobas, fáceis de se lidar. Na época era tudo tão real... Mas eu posso dizer que meus problemas eram quase que gostosos de viver, eram intensos por que eu gostava que fosse assim.
Pensei em tudo que eu vivo, e no tanto que eu queria menos.
Queria me preocupar menos com tudo e todos no mundo. Me preocupar menos com que os outros pensam de mim. Queria menos verdades, sofrer menos com a incerteza monetária do fim do mês. Queria menos fim de semestre!
Queria ter que provar menos. Não queria ser egoísta, queria uma felicidade assim. Queria depender mais só de mim pra ser feliz...
Gargalhar até a barriga doer, já não lembro mais quando foi a última vez que fiz. Sem envolver alcool então...
Queria menos medo. Muito menos.
Queria menos cimento, menos cinza.
Queria mais cores, mais flores, mais luzes. Queria matos que não pinicassem.
Quero mais natureza, queria meu refúgio.
Queria não ter que escolher entre um sonho e outro. Queria que o ensino fosse só pelo prazer de se aprender/ensinar. Que ele não valesse nem dinheiros nem pontos.
Queria mais livros, que eu pudesse escolher o que ler e quando ler.
Queria mais fogão a lenha.
Queria mais música e cinema. E que eu não tivesse que sustentar argumentos para aquilo que eu gosto ou deixo de gostar.
Queria que as pessoas se amassem mais e escolhessem menos.
Queria não ter que escolher... Queria não me enganar com fantasias irreais.
Queria ter realizado todos os meus sonhos bestas já sonhados.
Queria meus velhos diários de volta, quero meus velhos amigos de volta.
Quero novos amigos, o que aconteceu com minha capacidade de fazer amigos?
Quero mais Brasil, quero mais Paris.
Nem que sejam dentro de mim.
Quero novas pessoas, novos problemas, novas probabilidades incertas.
Quero férias.
De mim mesma.

2 comentários:

  1. A lágrima que sai limpa os olhos para ver melhor.

    Não sei pelo que você têm passado, mas sei que está assim há algum tempo. Se precisar de um amigo, é só falar comigo.

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  2. Nanda. Que lindo, isso. É engraçado como as palavras têm o poder de gravar e transformar experiências e memórias, e cada 'quero' seu hoje pode ser o mesmo de amanhã, mesmo que seja algo diferente, porque você é uma pessoa um pouco diferente a cada dia que se passa. Sei lá, sabe... me lembro de um prof meu que há muito tempo disse que o desejo é como o horizonte: está sempre à sua frente, lá ao longe, e vc busca alcançá-lo e faz de tudo pra isso, mas quando chega lá, já tem uma linha nova no horizonte pra alcançar, e assim indefinidamente... e a gente sabe como são essas coisas. :)
    E me lembrei de uma das minhas músicas favoritas. Já escutou a "silêncio" do Monno? :)

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